> De Alberto Sergio Kligerman/RIO
> 30/05/2010 23:11
> Assunto: Notícias do Oliver - 30/5/2010Link
> Caros amigos
> Hoje, domingo à tarde, saiu o resultado da biópsia da medula, bem antes do prazo dado pelo laboratório. O diagnóstico é o seguinte: uma doença rara, que afeta cerca de 10 pessoas a cada milhão por ano, chamada aplasia da medula, que no caso do Oliver é severa, pois menos de 10% das células da medula estão produzindo sangue. O tratamento tem que ser iniciado imediatamente.
Para isso, foi feito na segunda-feira) no INCA, a tipagem HLA do Oliver, de forma buscar doador compatível. Oliver está internado na Clínica São Vicente, na Gávea, desde segunda-feira por cerca de 21 dias, se submetendo a imunossupressores. Neste período, será feita a busca por um doador compatível. Vou tentar explicar o que é um doador compatível: A compatibilidade é definida quando duas pessoas compartilham os mesmos Antígenos Leucocitários Humanos, designados HLA. Os três marcadores HLA que importam para evitar a rejeição de um transplante são os genes do cromossomo 6: HLA-A , HLA-B e HLA-DR. Somos diplóides, ou seja, temos dois cromossomos 6, um vindo do pai, outro vindo da mãe. Para serem compatíveis, duas pessoas têm que ter os mesmos marcadores HLA-A, HLA-B e HLA-DR de ambos os cromossomos, ou seja, três pares ordenados idênticos. Por exemplo, um indivíduo pode ser:
(do pai) (da mãe)
A-12 A-33
B-23 B-89
DR-102 DR-11
Entre irmãos de mesmo pai e mesma mãe, a chance de haver compatibilidade é 1/4, pois tanto o pai quanto a mãe passam apenas um de seus dois cromossomos para o filho. Mas não tendo irmãos, que é o caso do Oliver, a chance de outro indivíduo ter a mesma combinação é muito difícil, ter um irmão de sangue é como acertar na loteria. Estima-se que, pelos valores que A, B e DR podem assumir na população em geral, a probabilidade de dois indivíduos terem o mesmo HLA é de cerca de 1/100.000. Por isso, quanto mais pessoas se cadastrarem como candidatos a doação, maior é a probabilidade de vidas serem salvas.
O cadastramento é feito no Hemo-Rio (Rua Frei Caneca, 8) ou no Inca (Praça da Cruz Vermelha). São retirados 5ml de sangue (menos do que para um exame de sangue),assina-se uma ficha e pronto. Qualquer pessoas entre 12 e 55 anos pode se cadastrar. Os hórários são, de segunda a sexta, de 7h30 às 14h30, e aos sábados de 8h às 12h. Não é necessário agendamento, mas eu me informei que é melhor ligar antes, para 2506-6064 (INCA)ou 2240-2394 (HEMORIO), agendando o cadastro, de forma a ser atendido imediatamente.
Sempre que for encontrado um doador compatível, o paciente e o doador são contactados para o transplante. Antes do transplante são feitos exames complementares. O transplante, pelo lado do doador, é feito através de uma punção da medula (com agulha indo até o osso ilíaco), com anestesia local, em que é retirada uma fração de 10% da medula, que se recompõe integralmente em 15 dias e em nada afeta o funcionamento do organismo do doador. A punção deixa o local um pouco dolorido por até 3 dias. Um pequeno incômodo que salva uma vida.
Pelo lado do paciente, o primeiro passo é anular a medula atual. A nova medula é injetada em uma veia do pescoço, e fica-se monitorando até que ela se aloje espontaneamente dentro dos ossos. O paciente só é liberado para ir para casa após certificar-se de que não houve rejeição e a medula está funcionando adequadamente. Oliver está enfrentando esta fase de cabeça erguida, e estamos confiantes.
Agradecemos imensamente as mensagem de carinho que temos recebido.
Sozinhos não somos nada.
Grande abraço
Alberto